sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Fotografias e o contexto

Por Rodrigo de Freitas Nogueira
arquivista formado pela UnB 


Quem não gosta de ver fotografias que tragam à memória fatos marcante da vida? Os álbuns pessoais estão cheios de simbolismos e representações, e não raramente, provocam emoções naqueles que se veem nas imagens, mas para outros indivíduos, alheios à realidade do fotografado, parecem simplesmente fotografias. Que diferenças podem ser identificadas na análise desses indivíduos?

A compreensão ou não do contexto. A resposta parece simples, mas carrega grande densidade. Os motivos que determinaram a ação de fotografar não estão, necessariamente, presentes nas imagens, dessa forma, o produtor do registro, ou seja, aquele que com a intenção de guardar o momento registrou a imagem ou terceirizou o serviço, conhece e sabe muito bem por que o fez. Já um indivíduo alheio ao contexto de produção pode indicar, em análise, uma finalidade completamente diferente como motivadora do registro.

Álbum de casamento - 2014 - (cc) Rodrigo de Freitas
Dessa forma, ao tratar a fotografia como documento com a capacidade de prova de fatos e guardá-la com essa intenção, esse documento passa a ser concebido como arquivístico. Sendo assim, o caráter meramente ilustrativo deve fica de lado e informações adicionais precisam fazer parte do documento imagético, os chamados metadados. Esses que se configuram como um conjunto de dados que compõe a informação do documento e representam o seu contexto de produção e uso. 

É praticamente impossível ao profissional da informação representar um fato ou acontecimento que motivou o registro fotográfico sem as informações que indiquem o contexto o qual estava inserido. Segundo o professor André Porto da Universidade de Brasília, sem o vínculo administrativo orgânico, o documento fotográfico perde a capacidade de exercer sua função de prova (LOPEZ, 2011).

Portanto, para que um indivíduo, alheio ao processo de produção e uso do documento fotográfico, consiga representar na mente o contexto que motivou seu registro, se aproximando da motivação do produtor, os metadados devem ser coletados corretamente. Mesmo se tratando de arquivos pessoais. Pois o maior risco é de que a fotografia perca as referencias do contexto original e seja tratada como outro documento integrado a outra realidade de registro completamente diferente.


Referência:
LOPEZ, André P. A.. Contextualización archivística de documentos fotográficos Archival contextualization of photographic documents. Disponível em: http://revistas.pucp.edu.pe/index.php/alexandria/article/view/213/207. Acesso: 20 ago 2014.

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