terça-feira, 25 de setembro de 2012

O zoom da imagem

A apresentação abaixo, intitulado Zoom, do livro de Istvan Banyai, podemos perceber a função do Zoom no olhar da imagem e a importância do contexto na leitura da mesma.

"Zoom" é um livro só de imagens que, pouco a pouco, vão dando uma visão mais ampla do mesmo contexto como se estivessemos a reduzir o zoom. É muito interessante ver a integração de uma parte da imagem num conjunto em que vai passando a ser cada vez menos importante à medida que fazemos o recuo do zoom.

Este livro provocante, sem palavras, pode ser "lido" tanto de trás para frente como de frente para trás. Suas ilustrações dão a ilusão como se o leitor tivesse se afastado rapidamente de cada página. Os leitores que se preparem para uma aventura não só surpreendente como até filosófica.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Bem na Foto

Em entrevista à Revista de História, o fotógrafo e pesquisador Pedro Karp Vasquez fala sobre a chegada da fotografia no Brasil, no século XIX, e sobre o mercado editorial a respeito do tema


D. Pedro II foi o primeiro brasileiro a comprar um daguerreótipo, o precursor da máquina fotográfica, em 1840. Ele incentivou o trabalho de fotógrafos e reuniu uma coleção de 25 mil imagens, hoje pertencentes à Biblioteca Nacional. É, em grande parte, graças ao imperador, que hoje o Brasil tem um dos principais acervos de fotografias antigas da América Latina e se destaca na produção de livros na área. Um dos últimos lançamentos de 2012 é Fotografia Escrita - nove ensaios sobre a produção fotográfica no Brasil (Senac), escrito pelo fotógrafo e pesquisador Pedro Karp Vasquez, um dos responsáveis pela criação do Instituto Nacional de Fotografia da Fundação Nacional de Arte, em 1982. Em entrevista à Revista de História, Vasquez, que também é autor do livro D. Pedro II e a Fotografia no Brasil (Index, 1985), fala sobre a chegada e popularização da fotografia no Brasil.
Revista de História: Por que a produção de fotografias no Brasil foi tão forte no século XIX?
Pedro Karp Vasquez: O acervo brasileiro desse período é o mais importante da América Latina, em grande parte por incentivo de D. Pedro II (1825-1891). Naquela época, os únicos colecionadores particulares no mundo eram ele, a rainha Vitória (1819-1901) e o Príncipe Albert (1819-1861), do Reino Unido. Mas no Brasil, naquela época, não havia um mercado para retrato como em Viena, Londres ou Paris, já que o regime aqui era escravocrata e a burguesia emergente era muito pequena. Sem o imperador a fotografia não teria se desenvolvido tanto. Ele atuava como mecenas e chamava atenção para a fotografia, chegando até a criar o título de Fotógrafo da Casa Imperial.
RH: E como era a relação da academia com a fotografia no século XIX?
PKV: As exposições anuais da Academia de Belas Artes acolheram a fotografia desde a década de 1840. Na mesma época, na Europa e nos Estados Unidos, esse ambiente acadêmico ainda não aceitava a fotografia. Nós tivemos esse lado precursor. Também houve três Exposições Nacionais do período imperial, por volta de 1860, que incluíram a fotografia em várias categorias, como anúncios de produtos e retratos de paisagens, por exemplo.
RH: Qual é o tamanho do acervo brasileiro no período?
PKV: Não temos um levantamento nacional, mas acredito que deva estar entre 300 mil e meio milhão de imagens. Só D. Pedro II levou para a Biblioteca Nacional uma coleção com mais de 25 mil imagens. Gilberto Ferrez, neto do fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923), constituiu outra coleção enorme, com cerca de 30 mil fotos, que estão hoje no Instituto Moreira Salles. Fora isso tem outras fotos na Biblioteca Nacional, no Museu Histórico Nacional, no Arquivo Nacional, no Museu Imperial, no Museu Paulista... É muita coisa.
RH: Quando a produção fotográfica começou a ser estudada no Brasil?
PKV: O primeiro livro sobre o tema foiA fotografia no Brasil, de Gilberto Ferrez, lançado em 1953. Na década de 1970 Ferrez fez outros livros, sobre o avô dele, sobre fotografia em Pernambuco, na Bahia... E surgiu também Boris Kossoy (saiba mais em “Nova pátria, novo olhar”). São precursores isolados. A coisa começou a deslanchar mesmo em meados da década de 1980... Talvez porque tenha surgido a Lei Sarney, que depois virou Lei Rouanet, permitindo que esses livros fossem financiados por empresas. Alguns eram muito caros para serem produzidos por uma editora normal.
RH: E dos anos 1990 até hoje, como está o mercado editorial?
PKV: Nos anos 1990 até os próprios fotógrafos, independentes, começaram a fazer livros mais sofisticados. Passamos a ter um movimento constante de edição de livros, tanto de ensaios históricos, quanto de livros autorais. Hoje, acho que a parte teórica ainda é carente, mesmo em traduções. Entre os livros de referência, só temos algo de Roland Barthes e Susan Sontag. De qualquer forma, acho que atingimos um ponto de maturidade e estamos cada vez melhor.
RH: Onde seu livro se encaixa na produção atual?
PKV: A importância dele é que é feito para o grande público. Não é uma tese, não é um trabalho de professor universitário. Normalmente, esse tipo de publicação é uma tese... Ou uma versão simplificada da tese, o que já melhora, porque a pessoa tira a parte mais árida de justificativas. Mas Fotografia Escrita é o livro de uma pessoa que sempre se preocupou em fazer uma difusão ampla da fotografia para a sociedade em geral.